1.31.2007

Então se calhar

do que estou farta mesmo é de um país (mundo?) onde as questões morais são discutidas, penalizadas, despenalizadas, referendadas, julgadas, legalizadas, juramentadas, puníveis com penas de prisão, amnestiadas, postas em causa em praça pública como se de armas de arremesso se tratassem e não de feridas profundas e expostas, com o pedaço de carne ainda lá agarrado já em meia putrefacção.

1.30.2007

Do aborto

Estou farta, farta deste assunto nos blogs, na televisão, nos jornais (ah, aqui a fingir que leio jornais quando a tinta e o papel daquilo me enoja os dedos), nos outdoors.
O sim, o não, já nem sei a que é sim, se é sim ao aborto, sim à penalização, se é não à despenalização do aborto (e porque raio o raio das 10 semanas, que eu saiba a data dpp costumam ser as 40) ou não ao aborto. Não só não sei e me confunde como, para não variar não vou votar.
Por várias ordens de razões: a primeira de ordem muito prática: entre o meu cartão de eleitor e o bilhete de identidade distam uns meros 300kms que, na prática não me dão acesso às urnas.
A segunda de ordem ideológica: desde que venci uma campanha em 1991 com aventais de plástico, qualquer processo eleitoral de raiz democrática me parece profundamente injusto.
A terceira de ordem ainda mais ideológica: não posso sequer conceber que a lei possa regimentar questões morais, consentir ou não consentir actos que não são públicos mas sim de cariz reservado a quem os pratica.
Claro que efectivamente já é lacuna quando a lei está a penalizar, são artigos que deveriam pura e simplesmente ser apagados...(posto isto, espero um bocadinho que o sim ganhe, pois isso seria o mais aproximado da não regimentação da coisa).

Ondas

Eu tenho uma amiga. Eu tenho a sorte de ter várias amigas, amigas muito boas que nisso escolho-as a dedo e sei que tenho escolhido muito bem.
Mas eu tenho uma amiga. Se acreditasse em almas gémeas, ela seria a minha e possivelmente teria que mudar a minha orientação sexual para me juntar a ela (e ela também). Mas não acredito (ufa!).
Eu já passei muito tempo com essa amiga, muitos e muitos dias juntas de tal forma que viviamos quase na casa de uma da outra, se calhar os nossos pais nem sabiam bem onde morávamos, se não dormíamos em casa era porque estávamos na casa da outra e pronto, nem pensavam muito nisso.
Acho que houve dias em que eu não sabia onde começava eu e acabava a minha amiga, eramos uma, eramos duas, duas cabeças em sintonia que nem sempre precisavam de comunicar verbalmente para saber exactamente o que a outra pensava. Esta minha amiga não lê blogs, por isso sei que não vai ler isto mas também não é por isso que estou a escrever.
É de independências.
Eu cresci a querer ser independente. Eu cresci a querer que os maus ganhassem nos desenhos animados só para o final me surpreender. Eu cresci a querer que os meus filhos fossem independentes, a adormecerem , alimentarem-se, a lidarem com os outros por eles mesmos. Eu tenho pressa que eles cresçam. Eu cresci a querer estar sozinha nos bons e maus momentos (ou a achar que nem pode ser doutra maneira). Não pode ser fácil viver com uma pessoa assim, admito.
Das ultimas vezes que vi a minha amiga (raramente nos vemos agora e sempre que a vejo ela muda radicalmente a minha maneira de pensar) conseguiu mostrar-me porque é que não posso ter medo de usar todas as palavras e todos os assuntos com os miudos.
Mostrou-me também quão longe o meu desespero pela independencia me tinha levado: aí estava eu, a centenas de quilometros de todos os que gostava e sem ter conseguido atingir nada daquilo que queria para mim. Isso não era independencia, era ser estupidamente orgulhosa e arrogante. Era ter desistido de tudo por me recusar a pedir ajuda.
Foi-se embora antes que eu pudesse ter aprendido a ser diferente. Agora mergulho meia perdida no meio das palavras dela.

1.28.2007

É incrível

Como eu gosto de tudo, tudo o que este homem escreve.

1.27.2007

Ressaca de SL

A casa está um nojo. Quando olho para o chão acho que vejo umas coisas para lá meias transparentes, deve ser cotão ou qualquer coisa do género. Por razões várias (noitadas até ao meio dia na rl, sl, comprimidos trocados) esqueço-me demasiadas vezes que estou sem empregada desde o início do mês.
A solução passa por sair de casa rapidamente antes que a coisa piore, a esplanada do costume lá está enterrada na areia e consigo finalmente ler a Economist que a minha amiga me deixou cá no início do mês.
Altamente recompensante, um dos artigos fala das vantagens de ter tudo menos arrumado, a clean desk policy não passa de um factor stressante e consumidor de tempo, nada eficiente portanto. Nada que eu já não desconfiasse.

1.26.2007

Negativos não sei quê

frio, graus abaixo de cão ou lá o que é. Deve ser por isso que hoje eu e o homem da minha vida estivemos tão bem naquela esplanada na praia (sim, aquela minhas queridas) a comer gelados, pronto o meu era Magnum Hot, não deixa de ser gelado, é gelado de chocolate quente a ferver e andámos de baloiço, olaré!

1.25.2007

Está frio

sinto ligeiramente o frio. Sei que está mais frio porque oiço as pessoas a comentarem constantemente "está frio". Tenho sono, os comprimidos fazem-me adormecer nos semáforos da meio da tarde e é a minha filha que me acorda para o carro não descair para cima de outro. Está frio e tenho sono, urge ir ao médico trocar os comprimidos (os da tarde não se conjugam com os da noite).
Frio e sono, nada de isso interessa, descobri que tenho o sol (ou vários sois) e foram eles que me apareceram sem os implorar. No fundo, poucas coisas têm tanta importância como o sol.

1.22.2007

xxx-rated

Quando o telefone tocou sabia que eras tu e por isso mesmo não queria atendê-lo. Via-o a piscar inecessantemente, irritantemente em cima da mesa. Levantei-me a custo do sofá e abri lentamente a tampa do telefone, como se pudesse assim arrastar aquele momento infinitamente. Oiço-te: (Quero combinar contigo para levar as minhas coisas aí de casa).
Oiço-te mas não te quero ouvir. A minha mente desliga, vagueia por outros mundos como naquele fim de semana, lembras-te, que passámos em casa do teu irmão.
(os livros escolhe tu os que posso levar, nunca sei quais são os meus)
Tinha um presente para ti quando chegámos, estoirados depois de 4 horas de viagem, mandei-te procurá-lo e diverti-me a ver-te desfazer as malas todas e a revirar o carro.
(As fotos levo-as e mando fazer cópias, tá bem?Não vou levá-las todas e devolvo-tas logo que possa).
Procuras mal, disse-te, o presente está bem mais perto. Está pertíssimo de mim. Fica fácil demais assim, não é? É preciso que ponhas isto (tirei a velha venda preta da mala).
(Se quiseres levo o cão, ou pelo menos, quero vir buscá-lo umas vezes, espero que não te importes. )
Depois da venda posta deixei-te procurar no sítio certo, sentiste as ligas e as meias a apertarem as coxas, sentiste o body a apertar com laços nas costas, não sentiste cuecas porque eu não as tinha.
(Se não te importas levo alguma roupa de cama, uns lençois, tens tantos que não te farão diferença.)
Nessa altura imploravas que te deixasse tirar a venda mas proibi-te. Mandei-te deitar para trás e deitaste, a medo, sem saber se irias aterrar no chão ou na cama.
(Se queres tanto as cadeiras da sala, parece-me justo que leve a estante.)
Tinha outras vendas e acabei por te amarrar as mãos naquela cama antiga de metal branco.
Estavas aínda completamente vestido mas conseguia ver um enorme alto no meio das tuas pernas e por segundos receei que fosses romper o tecido dos boxers e mesmo o das calças.
(Das contas tens só que assinar aqui uns papeis que te deixo à entrada para deixarmos de ser titulares da conta um do outro.)
Pus aqueles sapatos de salto agulha (acho que nem os conhecias), subi para cima da cama e passei por cima de ti, gritaste, tentaste desmarrar os pulsos. Então de pena tirei-te a venda e lembras-te? Vieste-te sem nos tocarmos.
(Deixo-te a chave na caixa do correio.)
E como é, que passado este tempo todo, te continuas a agarrar a essas banalidades?

1.19.2007

De tão bem disposta

que até abri 2 pps, não os envieei directamente para o lixo.
Arrependi-me, claro.

1.18.2007

Há muitos meses a dormir mal,

a coisa tem piorado substancialmente nos últimos tempos.
Hoje, olhando de relance para a prateleira do meio da mesa de cabeceira vejo o último do Saramago junto a um biblia e a um missal. Será disto?

1.16.2007

Em cima da secretária:

Um coração (2 auriculas, 2 ventrínculos) e algumas artérias, 2 lobos cerebrais devidamente encaixados um no outro, o topo de uma caixa craniana, um osso maxilar com alguns dentes.
Ah, e uma traqueia com faringe.

1.15.2007

Giro, giro

era se pegassem nas 10 personagens, criassem uma representação holográfica de cada um (como no "Bones") e os enfiassem num ringue tipo WWE.
Funcionaria por eliminatórias e o vencedor final seria o melhor português.
Apostas seriam possíveis mediante sms (a 0,60€) .
Já estou a imaginar o Afonso Henriques com este cinto.

Parece que ainda não acabou

a palhaçada dos 10 maiores portugueses. É demorada decisão, compreensível dado a enorme quantidade de portugueses importantes (Pinto da Costa, Figo, Cristiano Ronaldo, etc).
Como de costume ponho em causa a legitimidade desta selecção, custa-me a crer que existam assim tantos portugueses (e não só, não é obrigatório ser português para votar, apenas ter o desejo de deitar 0,60 € à rua) que saibam quem foi o Aristides de Souza Mendes.

Fico apenas satisfeita por terem incluído um dos meus portugueses favoritos, o Almada, tendo no entanto deixado de fora os meus outros dois: o Amadeu de Souza Cardoso e o grande Arq. Ribeiro Telles.

1.11.2007

O livro de sonho dele é este:



é divertido vê-lo a arrastar aquilo pela Fnac, considerando que o livro lhe vai do pescoço aos joelhos.

mas tem que se contentar com este:



Entretanto vai-me ensinado onde é artéria pulmonar, embora ainda confunda muito a veia cava com a aorta (Rita, achas que é desta que me trucidam?).

E eu vou pensando se o inscrevo no russo, polaco ou turco, just in case.

1.09.2007

Afinal

e depois de andar a jurar a toda a gente que não ía comer as passas, comi-as na mesma.
Sem grandes dramas nem uma fé extraordinária, comi-as.
Que finalmente começo a vislumbrar uma fraca luz no fundo do túnel.

1.05.2007

Naquele dia, minha querida

a mãe estava piegas sim.

Não é triste nem te posso explicar como é. Mandei-te muitas mensagens no messenger a dizer que gosto de ti porque era isso mesmo. Pegar em vocês e dizer que gosto tanto, tanto, tanto. Que nada vai nunca ser mais importante do que isso. Que são vocês, somos nós e seremos sempre. Que vou estar sempre, sempre aí, mesmo quando não estiver, vou estar, vou estar dentro de vocês (não se esqueçam nunca).
Naquele dia, meus queridos, eu queria (quero) pegar em vocês e levá-los para outro lado do mundo, para que não tenham que passar por isso.
Que o desamor não se conta nem se explica, mas sente-se. Nem sei se vocês o sentem ainda.
Mas o desenho cheio de corações ("com um grande :) para a mãe. Nunca mais fica triste!!!!!") e um abracinho ("mãe tive tantas saudades tuas") parecem indicar que sim, que pelo menos o pressentem.

1.03.2007

Os

blasfemos são tão bons, tão bons que até se lincam a eles próprios. Gostam de se ler, portanto.

Isto um bocado para dizer: não é gira esta funcionalidade do snap preview?

Perfeitamente normal

ou não...

Como diz uma amiga minha, há que dar trabalho aos psiquiatras e psicólogos infantis.

pessoas com extremo bom gosto