3.27.2009

Help (ou a falta que me faz ter alguém que me explique os intricados meadros da economia)

Se uma empresa declara insolvência e retira as acções da bolsa, como pode esperar que concluído o processo de insolvência, voltar de imediato a requerer-se a sua readmissão [na bolsa]?

Do apagão

Não posso ter sido só eu, em toda a blogosfera que leio, a reparar na coincidência do apagão calhar exactamente à mesma hora e dia do jogo de apuramento para o mundial.

Muito muito bom

Um alce? Mas para que é que a gente quer um alce morto, um bicho tão grande? Depois apodrece tudo e é só larvas. Estás a ver aqui no meio do pomar alguma arca frigorífica?. E assim, enquanto Eva, dando um uso fácil e de arremesso às palavras em excesso, finge odiar Adão, este começa de facto a odiar Eva, embora sem palavras. Às tantas, ele olha-a como uma insuportável galinha tonta que lhe cacareja nas costas o tempo todo e ela, apesar da generosa distribuição de neurónios com que foi contemplada, é no fundo uma parva, porque mantém até ao fim a esperança de que ele um dia lhe diga o que lhe vai na alma. Sem perceber que o que lhe vai na alma é apenas ir comendo umas bravo-esmolfe aqui e ali, ir matando uns alces enquanto solta uns gritos de guerra e que lhe apreciem a virilidade saliente sob a sunga de pele curtida.

ou nestas alturas lembro-me que adoro ser mulher porque assim não tenho de aturar uma mulher numa relação e as conversinhas de merda, nem sentir-me emasculada pelas coisas mais ínfimas ou porque é que no fundo, eu quero mesmo é ser solteira [versão divorciada, que ainda é melhor porque já cumpri a minha função reprodutória] para sempre.

3.25.2009

Single

A mim parece-me que nem sequer há linha. E são quase, quase todas assim. Não é que eu despreze as escolhas delas (melhor para mim). É que me orgulho de não as [conseguir*] tomar.

*é mais uma questão de estômago. Em não podendo ter um cão, prefiro morrer sozinha, gatos dão-me vómitos.

Keep going



daqui

mesmo se no fim não ficarmos mais adultos nem com mais resiliência nem encontrarmos um pote de ouro nem 72 virgens nem ficarmos mais bonitos nem mais fortes se não aprenderemos a fazer melhor nem ganharmos amigos nem ficarmos melhores pessoas com mais capacidades nem mais felizes inteligentes generosos mais resistentes à frustração keep going. Porque não há outra hipótese.

3.24.2009

A rapariga da esquerda




foto Paul Michael Hughes

Desde sempre eu quis ser a rapariga da esquerda. Fiz ballet em criança, muitos anos. Não tenho a certeza se foram muitos anos ou se só pareceram sê-lo. As aulas eram uma tortura de poses e gritos, da professora que implicava com tudo, desde a maneira como prendíamos os cabelo (se alguma farripa caía) à forma como o tornozelo não estava suficientemente rodado para fora e as costas não estavam suficientemente direitas. Eram a hora nazi em que só queríamos que a atenção da professora não se virasse para os laços mal apertados das sapatilhas ou para os braços que não estavam com o cotovelo apontado para baixo. A rapariga da esquerda não tería problemas com isso. Ela faria todos os movimentos bem e caso não os fizesse, emendá-los-ia com um sorriso doce, a sua auto estima seria suficiente para aguentar todas as críticas.
A rapariga da esquerda não tería faltas por mau comportamento nas aulas, nunca pegaria num cigarro, não beberia demasiado quando saísse à noite, não beijaria rapazes sem lhes decorar o nome, saberia que curso escolher e entraria nele à primeira, não engravidaria, desistiria, falharia, entraria em depressão, nunca estaria perdida numa cidade com duas crianças, não deixaria o marido (nem o namorado) por já não suportar, não ficaria sem nada no meio do nada. A rapariga da esquerda faria sempre as opções certas no momento perfeito e tudo fluiria sem grandes dramas.
Eu sempre fui a da direita.

3.20.2009

À atenção das meninas

do fashion que leio e que parecem andar fascinadas com os anos 80. Eu sei que vocês não os viveram ou eram demasiado novas para se lembrarem mas ponham os olhinhos aqui e digam-me se querem lá voltar.

3.19.2009

Funciona tudo por ondas

não é? Um dia a minha amiga contou-me uma história que acabava com "se há ondas que transmitem sinais de rádio e nós as podemos ouvir embora não as vejamos, temos de presumir que pode haver outro tipo de ondas, por exemplo, que transmitam pensamentos". A verdade é que nenhuma de nós acredita em coisas sobrenaturais, gozamos com os horóscopos e cartas astrais e com a "profecia celestina" e o Paulo Coelho. Isto é outra coisa. Ando há 2 dias com uma música na cabeça (por nenhuma razão especial), obriguei o meu filho a ouvi-la e só não a postei aqui porque não encontrei nenhum youtube que gostasse. Pois ontem o João postou-a no facebook e hoje a Catarina postou-a no blog (o verso do Ary dos Santos).
É como as constipações, pega-se mesmo por via virtual.

A minha filha anda entupida de hormonas

e isso explica muita coisa. Por exemplo, o facto de eu precisar de andar entupida de calmantes.

3.16.2009

Eu não escrevo.

Não sei se por falta de tempo, de inspiração, de tudo. Eu não escrevo porque não me apetece. Passei um domingo em casa com os miudos. Concedi-me esse domingo. Não me lembrava sequer da última vez que tinha passado um dia em casa. Não gosto particularmente da minha casa, que não fui eu que escolhi, mas ainda assim é melhor do que encher os dias com correrias entra-sai-do-carro-põe-tira-cinto-ter-horas-para-estar-em-algum-lado.
Durante a semana são catequeses-jantares-em-casa-das-avós-com-o-pai, banhos a correr, jantares a despachar, um buzz ocasional (jogo curto) enfiado à pressão antes do lavar os dentes e fazer chichi, ao fim de semana é a natação-almoço-na-avó-festa-de-anos-de-alguém, ou ir ao jardim-esplanada com as tias ou outra coisa qualquer (como a missa) em que também temos de andar a correr e penso, quando teremos temos tempo, quando vou estar sentada a pensar que não tenho nada combinado, nada que fazer, e penso nas coisas às quais nem sequer respondi, amigos a sério, da vida, dos quais me esqueci, aqui foi mesmo por falta de tempo, por cansaço absoluto das correrias. Que para o virtual, há sempre tempo. Que ficar em casa um dia inteiro é um presente (para nós). Para escrever haverá sempre tempo, se não for agora, hoje, será amanhã - é indiferente - para o resto já nem tanto.

3.10.2009

Tenho a minha cruz dos franciscanos

que comprei me ofereceram em Compostela toda enrodilhada no outro fio que uso. Quero muito tirar um segundo sentido disto mas não consigo.

(os meus posts andam uma coisa fabulosa de creatividade e fluência).

Uma maneira de conhecer alguém é perguntar-lhe qual a margem preferida do Tamisa



daqui

3.07.2009

Benditos sejam os pobres de espírito, pois deles será o reino dos céus

A conversa era absurdamente estúpida, ou assim parecia, e sobretudo não pensava ouvi-la do meu pai. eu sabia-o já. ouvi-lo como um facto consumado uma mulher na tua situação. a minha situação então era agradecer que um homem mais velho até do que ele sequer imaginasse. uma mulher na minha situação. e era como ter uma chaga funda, visível, uma doença crónica incapacitante. na minha situação. ser mulher era ainda mais pesado do que a situação, explicou-me quando lhe contrapus um exemplo que estava à frente dele mas para ti é diferente, és mulher. Talvez não devesse usar o meu pai como farol de todos os homens, mas tem sido sempre assim desde que me conheço.
Portanto sim, eu sei que sou uma mulher na tua situação e que, tivesse eu menos consciência disso, seria concerteza uma pessoa mais leve. ignorância é das maiores bençãos que se pode receber. pena é que os ignorantes, pela própria característica que lhes é inerente, disso não se possam aperceber

3.06.2009

Por um momento eu queria

imaginar não saber ter medo pânico nervoso abrir muitas vezes o mail espreitar muitas vezes o telemóvel o perfil as mensagens procurar no google tremer quando espreitar sonhar com isso imaginar sentir bater com as portas gritar sorrir chorar abraçar dormir não descansar. Porque sim, tudo é melhor do que não sentir.

Das lições

A propósito sabe-se lá do quê, ao vesti-lo sai-se com a prima do R. que é mais velha é uma giraça que até tem maminhas!.
A minha filha diz eles não evoluem quando chega à escola dele e vê os miudos da idade do irmão (5 anos mais novos) com as mesmas brincadeiras dos colegas de turma. As conversas também são as mesmas. 9 anos e eles não evoluem, as lições mais importantes são as que aprendemos em pequenos.
A prima do R é uma giraça que até tem maminhas [e eu] mais gira do que eu? sim.
[abano a cabeça] Puto, hoje a mãe vai-te ensinar uma coisa, quando uma rapariga pergunta mais gira do que eu? dizes sempre não. A mais gira é sempre a que pergunta, não interessa o que achas, respondes sempre que é a que pergunta. Vá, quem é mais gira: a mãe ou a prima do R?
[puto com a lição decorada] A mãe.
Agora mais dificil: quem é mais gira, a mãe ou a mana?
A mãe.
Boa.
[a irmã] quem é mais gira, eu ou a mãe?
[puto altamente confuso] A mãe?
[Eu] Não. Foi a mana que perguntou, tens de responder que é ela.

Tem de ter alguma vantagem, ser criado por mulheres. Não fica a entender-nos melhor mas ao menos que seja mais polido. As mulheres interessantes gostam disso. Polimento.
Como é que eu sei? Ora...não me façam perguntas dessas.

3.03.2009

Pergunta-me muitas vezes



foto Sam Bassett

preços de casas, de apartamentos, sonha com a casa antiga do Porto, não sei a quem sairá com esta obsessão pelo imobiliário (talvez a ti, sei lá).
E esta, quanto custa, se ganharmos o euromilhões podíamos comprar, e com piscina. E esta tem piscina, mãe?
Escuso-me a explicar-lhe porque não jogo no Euromilhões e me passa ao lado se moro num palácio ou num T1 desde que não tenha de andar às voltas para estacionar o carro. Que não acredito em soluções mágicas/imediatas/abruptas como as lotarias e que nisso não sou tipicamente portuguesa, que não ligo aos sinais exteriores de riqueza e, em podendo optar, preferia guiar um Smart a um Audi (apesar de gostar de Audis e nisto dos carros ela também pensar como eu).
Mas obriga-me ao exercício, que casa é que a mãe comprava se ganhasse o Euromilhões e imagino-me no meio do campo. Digo-lhe isso que iria para o Alentejo ou Ribatejo e vivia no meio do nada, com espaço à volta e cavalos. Que talvez contratasse um professor para dar aulas de equitação às crianças da vila-mais-perto-do-meio-do-nada e que o meu sonho era andar todos os dias de calças de ganga e galochas cheias de terra até ao joelhos, passar dias sem ver um carro nem me apertar numa carruagem de metro e que teria internet para saber o que se passa no mundo porque afinal já é isso que faço e obviamente que ela torce o nariz a este meu desejo de campo e natureza, desejo de campo e natureza que temos todos e se manifesta no apreço ao cheiro da terra molhada mas que ela, como miuda que nunca pôs os pés fora de uma cidade, ainda não viu acordado.
E depois penso - aliás não penso, sei - que tudo isto é só vontade de fugir da minha vida, de mudar para o lugar mais distante que possa haver. Eu própria nunca vivi um dia fora da cidade.

pessoas com extremo bom gosto